O "surrealismo avançado" de Herberto Helder.
O
Surrealismo em Portugal deu-se no ano de 1947, exatamente durante a fase do
pós-guerra. Caracterizou-se exclusivamente por sua efemeridade e instabilidade.
Movimento fortemente influenciado pela psicanálise, o Surrealismo pressupõe que
toda forma de arte pode perfeitamente ser conectada ao inconsciente e ao
universo dos sonhos. Além disso, sua linguagem automática e as fortes críticas ao regime salazarista eram
algumas das novidades proclamadas por essa estética.
Dentre os escritores surrealistas
portugueses temos Herberto Helder, sem dúvida, (evite este
tipo de expressão em seus textos acadêmicos!), um
dos poetas mais radicais do movimento, considerado um “experimentador da
linguagem por excelência”, consegue criar seu próprio universo metafórico, em
que cada poema se caracteriza por sua coerência habilmente criada por imagens
sugeridas.
Segundo
Massaud Moisés, seus versos são produzidos como
quem deixa uma marca maravilhosa, destacando-se por “uma originalidade tensa, veiculadores
de um lirismo elíptico, sibilino, que, saturado o “eu poético, se expande às
coisas e aos seres, como se a egolatria de raiz cedesse a um pan-erotismo,
sinônimo de animação íntima da Natureza pela projeção da subjetividade do
poeta” (MOISES, 2008, p 470).
Dentre seus muitos poemas destaca-se “O amor em visita”, publicado em 1958. Nesse
poema, a figura feminina surge como um universo adormecido que o poeta procura
encantar com a força do amor. Essa mesma figura será no poema a força
primordial: a “mãe”, isto é, aquela em que “principiam o mar e o mundo”. Por sua vez, o eu-lírico é visto como aquele que busca a amada a fim de despertá-la
para com ela existir. Desta procura nascerá a arte: a força e energia do canto
e das palavras no poema.
Conclui-se
que, as imagens utilizadas, o forte erotismo
observado, bem como a insólita maneira de narrar são alguns dos traços
surrealistas encontrados neste poema de Herberto
Helder e, como afirma Maria Estela Guedes: “não é apenas um dos mais importantes poetas portugueses
contemporâneos, ele é também um grande poeta (...) sem fronteiras de tempo nem
lugar”.
Referências:
Guedes,
Maria Estela. Herberto Helder: estes são outros híbridos. Disponível em http://www.revista.agulha.nom.br/ag29helder.htm
acesso em 18/04/2013.
Herberto
Helder, Jornal de Poesia. Disponível em http://www.revista.agulha.nom.br/hh.html#bio
acesso em 18/04/2013.
Moisés,
Massaud. A Literatura Portuguesa. São
Paulo: Cultrix, 2008.
www.solar.virtual.ufc.br acesso em
18/04/2013.
Sousa, Lídia dos Santos. A imagem
metaforizada da mulher na poesia de Herberto Helder. Disponível em https://uspdigital.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabal
o=4108&numeroEdicao=15 acesso em 18/04/2013.
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