Atividade sobre o romance "Gaibéus", de Alves Redol.
Gaibéus foi o primeiro romance escrito
por Alves Redol, publicado em 1939, é considerado como
a obra que marca a introdução do Neorrealismo em Portugal. Nesse
livro, Redol conta a história dos gaibéus, trabalhadores alugados, que vão para
a região do Ribatejo, trabalhar nas Lezírias. O autor procura relatar as
desigualdades sociais, além da exploração do ser humano pelo próprio ser
humano; abordando as más condições de trabalho, as doenças e as diferenças
entre proprietário e trabalhador.
Logo
na introdução, o autor deixa clara a natureza estética de seu livro: “Este
romance não pretende ficar na literatura como obra de arte. Quer ser, antes de
tudo, um documentário humano fixado no Ribatejo. Depois disso, será o que os
outros entenderem".
O livro possui uma linguagem bastante marcada por
expressões regionais, o que demonstra o interesse, por parte do autor, em
apresentar ao leitor a cultura da região. Para escrever Gaibéus, Alves Redol realizou um verdadeiro e amplo trabalho de
pesquisa na região do Ribatejo, chegando ao ponto de se instalar na região para
obter mais informações sobre a colheita de arroz.
Essa
é uma obra literária em que não há um personagem principal. Todos os
personagens são tratados como elementos homogêneos e equivalentes. Não existe
evolução das personagens na obra, pois o individual desaparece no aglomerado
populacional.
Dentre os personagens do livro, merecem
destaque Rosa, Ti Maria do Rosário e o ceifeiro rebelde. A personagem Rosa
exemplifica a realidade social das mulheres no sistema capitalista. Conforme
pode ser observado, as mulheres eram tidas como seres inferiores e, além de
serem exploradas no trabalho também eram exploradas sexualmente. A
situação da mulher nesse sistema revela a degradação a que está submetida, uma
vez que é considerada como objeto que serve apenas para dar prazer ao patrão e
aos homens que cruzam seu caminho.
Em oposição à Rosa surge Ti Maria
do Rosário, senhora de idade avançada e fisicamente debilitada pelo sezão, mas
que precisa ceifar diariamente para garantir seu sustento. A idosa entra em
desespero quando, acometida pela doença, recebe ordens para abandonar a ceifa:
“o cérebro diz-lhe que deve ir pra junto deles, e depressa, mas as pernas já
não obedecem ao seu mando” (REDOL, 1976, p 85). Essa personagem preconiza o
destino dos gaibéus que, depois de tantos anos de trabalho e sofrimento, terão
como recompensa a morte, sendo descartados como um objeto sem valor.
Por
último, destaca-se o ceifeiro rebelde. Ele representa a consciência do que está
acontecendo em sua volta, da alienação dos trabalhadores e da exploração de que
é vítima: o ceifeiro rebelde.
Esse personagem pode ser considerado o alter
ego do autor. Por ser uma pessoa com experiência e bastante viajada, o ceifeiro
rebelde compreende o mecanismo da exploração do trabalho no sistema capitalista,
também presente no meio rural. É o que pode ser observado no episódio mensagem da nuvem negra. O ceifeiro
rebelde sabia que os companheiros tinham direito a receber o salário integral,
visto que não fora culpa deles terem trabalhado apenas meio expediente. Ao
contrário dos companheiros de labuta, esse personagem não se conforma com a
exploração sofrida, entretanto, em nenhum momento tenta conscientizar os
companheiros para que se unam contra o patrão, pois sabe que, por mais que
tentasse essa situação não iria mudar. Os gaibéus desconheciam seus direitos
como trabalhadores e nunca iriam compreendê-lo, tanto que chegam a se alegraram
quando o patrão ofereceu-lhes milho para descascar, como forma de compensar o
baixo pagamento.
Alves Redol propôs a
recuperação do romance do século XIX, acrescentando conceitos do materialismo
histórico-dialético de Karl Max. O romance Gaibéus
possui uma narrativa bem elaborada, marcada por regionalismos, o que confere um
caráter mais dramático e realista a obra. Observa-se que os escritores do
movimento neorrealista dedicaram-se a denunciar os problemas sociais. No caso
do romance Gaibéus, observa-se a temática de uma camada social
desfavorecida – os trabalhadores – e a entidade que a explora – o patrão.
Referências:
Fillus, Luiza Nelma. Perfis femininos em Gaibéus, de Alves Redol.
Disponível em http://www.solar.virtual.ufc.br/arquivos/prof/2038/5/227690/artigo_9_perfis_feminino.pdf
acesso em 04/04/2013.
Redol, Alves. Gaibéus. Disponível em http://www.solar.virtual.ufc.br/arquivos/prof/2038/5/227690/gaibeus.pdf
acesso em 04/04/2013.
Resende, Kellen M. Camargos. O silêncio e a literariedade em Gaibéus.
Disponível em http://www.solar.virtual.ufc.br/arquivos/prof/2038/5/227690/artigo_gaibeus.pdf
acesso em 04/04/2013.
www.solar.virtual.ufc.br acesso em
04/04/2013.
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