Atividade sobre o romance "A Selva", de Ferreira de Castro

            Ao escolher o cenário da região amazônica como espaço para representar seu romance “A Selva”, Ferreira de Castro baseou-se em sua própria experiência vivenciada pelo período de quatro anos em um seringal próximo ao rio madeira, que coincidentemente também se chamava Paraíso. Ferreira de Castro criou um protagonista português para o romance, no intuito de mostrar o ambiente amazônico por meio da visão de um imigrante. Sobre a obra de Ferreira de Castro, Massaud Moisés afirma que:
Na obra de Ferreira de Castro está viva a forte vocação de narrador que se utiliza de recursos fáceis, porque deseja atingir o público mais simples, o que o leva a não temer a repetição ou a solução menos apropriada, visto conter uma "mensagem" por si só eloquente. O domínio do ofício de narrar, o estilo quase sempre direto, a simpatia humana, pronta a comover-se com o drama alheio e a conter súplicas à justiça ou à caridade, são as características marcantes da ficção de Ferreira de Castro (MOISÉS, 2008. pag. 396).
Assim como Alberto, o protagonista, Ferreira de Castro também foi enviado para um seringal. As condições que motivaram a viagem de ambos coincidem e divergem em alguns pontos: ambos tornaram-se um inconveniente para seus protetores. Entretanto, convém destacar que o romance é documental no sentido de que o autor registrou tudo aquilo que de fato observou, não se tratando portanto, de um romance autobiográfico, pois entre autor e protagonista há mais distanciamento que aproximação.
No trecho do filme destacado, podemos observar o momento em que o protagonista constata a sua fraqueza moral perante os desejos carnais. Dona Yáyá é a principal causadora desses desejos; esta, por sua vez, não lhe é indiferente. O clamor sexual e o forte desejo de possuir a esposa do guarda- livros passa a tomar conta da mente e do corpo de Alberto e de Dona Yáyá de tal forma que ambos acabam se entregando a esse desejo reprimido.
Algumas características do neorrealismo se fazem presentes na obra. Podemos notar que é real o compromisso que o autor demonstra pela sociedade. Para tanto, segue-se o princípio da observação da realidade ao invés de usar apenas a imaginação, indo em direção oposta aos ideais presencistas, cujas “criações literárias revelavam uma total despreocupação relativamente aos problemas da sociedade”, o que também vai de encontro à estética neorrealista.


Referências:
Apostila de Literatura Portuguesa IV, aula 01 tópico 03. Disponível em www.solar.virtual.ufc.br. Acesso em 25/03/2013.
Coelho, Maria Adelaide Antunes de Brito. A SELVA: Do romance de Ferreira de Castro ao filme de Leonel Vieira. Universidade Aberta 2007. Disponível em www.solar.virtual.ufc.br. Acesso em 25/03/2013. 

Moisés, Massaud, A Literatura Portuguesa (2008). Editora Cultrix, São Paulo.

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